Migração para o PSB amplia espaço de Flávio Dino, mas não inibe os desafios que o aguardam

Flávio Dino: partido novo, mais força política nacional e vários desafios pela frente

A migração partidária do governador Flávio Dino, que deixa o Partido Comunista do Brasil (PCdoB) para se filiar ao Partido Socialista Brasileiro (PSB) tem a importância e o peso de largada para corrida eleitoral de 2022 no Maranhão, também com reflexos na disputa para a Presidência da República. Esse movimento deflagrou uma ampla e arrojada rearrumação no eixo central da aliança partidária situacionista, abrindo também caminho para que os pré-candidatos a governador – tanto os da base governista quanto os de oposição – construam os suportes possíveis das suas candidaturas. Com sua decisão, o governador deixa as limitações do velho PCdoB e ingressa numa seara partidária mais aberta e flexível, o que lhe assegura ampliação imensurável na sua margem de articulação política como senador da República, como planeja – pelo menos até aqui. Decidida a 15 meses das eleições, a mudança também abre espaço para que seus aliados adequem, sem pressa e com boa dose de reflexão, seus projetos eleitorais no leque de opções partidárias. No plano nacional, o movimento de Flávio Dino aumenta sensivelmente o peso do PSB, que ganha mais um governador e um punhado de deputados federais.

No que lhe diz respeito, o governador Flávio Dino ganha força política, à medida que dá ao PSB maior musculatura e, com isso, maior peso nas articulações para a construção de alianças visando a eleição presidencial. Nesse sentido, mesmo já tendo feito opção por disputar cadeira no Senado, o agora socialista Flávio Dino não está ainda descartado como opção para a vaga de candidato a vice numa grande composição tendo o ex-presidente Lula da Silva (PT) como cabeça de chapa para enfrentar o presidente Jair Bolsonaro (ainda sem partido). Afinal, de todos os nomes da esquerda moderada, incluindo aí vários governadores, o líder maranhense é o que alcançou maior projeção nacional. E sobre o destino do governador, todas as avaliações sugerem que o Senado é o seu melhor caminho.

Independentemente do espaço que vai ocupar na corrida presidencial, Flávio Dino atuará fortemente para mobilizar o eleitorado maranhense a favor do candidato de Oposição, principalmente sendo o ex-presidente Lula da Silva. Isso porque já são fortes os sinais de que o presidente Jair Bolsonaro e seus aliados, a começar pelo senador Roberto Rocha (sem partido), provável candidato bolsonarista ao Governo do Estado, farão de tudo para melhorar o desempenho do presidente nas urnas maranhenses.

A nova condição partidária não altera a liderança do governador no cenário político maranhense, mesmo estando ele na reta final do seu mandato. É dele a delicada tarefa de articular as bases de um consenso para a sua sucessão no âmbito da aliança governista, e de mobilizar as forças contra investidas de adversários. De um lado está vice-governador Carlos Brandão (PSDB), que assumirá o Governo em abril próximo e, com todo direito, já se movimentando como pré-candidato à reeleição; e do outro encontra-se o senador Weverton Rocha (PDT), um político jovem e arrojado, que vê no pleito de 22 a oportunidade de ouro para ser governador. Com motivações diferentes, mas justas, Carlos Brandão e Weverton Rocha travam uma guerra aberta pela vaga de candidato da aliança liderada situacionista. A escolha de um deles sem causar um racha na base partidária é o grande desafio político do governador Flávio Dino.

A mudança do governador Flávio Dino para o PSB causará forte impacto em parte expressiva da sua base partidária, sendo o PCdoB o partido que mais sofrerá reveses. De cara, perderá os deputados federais Márcio Jerry e Rubens Jr., que certamente migrarão para o PSB, juntando forças com o deputado federal Bira do Pindaré. Também o deputado estadual Othelino Neto, presidente da Assembleia Legislativa, deve deixar o partido, mas seguindo um caminho diferente filiando-se ao PDT. Outros deputados hoje no PCdoB – Marco Aurélio, Ana do Gás e Carlinhos Florêncio – devem migrar para outras agremiações, entre elas o PSB, que já tem o deputado Edson Araújo. Flávio Dino certamente será ouvido por todos os aliados que de uma maneira ou de outras serão afetados pela sua mudança partidária.

O governador Flávio Dino tem plena consciência do espaço que ocupa no cenário político maranhense e de como é visto na seara nacional. E é exatamente por isso que tem todos esses desafios pela frente, sendo o menor deles sua candidatura ao Senado, uma vez que, pelo menos no horizonte visível, não há adversário que lhe imponha risco.

Fonte: Ribamar Corrêa