Esperando Godot, obra máxima do teatro do absurdo, escrita pelo irlandês Samuel Beckett não conta uma história, ao contrário, explora uma situação estática. O lugar é deserto, sem cor. … Dois velhos vagabundos, Vladimir e Estragon estão esperando Godot, que pode ser Deus ou qualquer coisa que angustiantemente nunca chega. Com isso, procuram preencher o tempo da espera dialogando até a exaustão, pois nessa espera está todo o sentido de suas vidas.
Pois bem, a propósito do dilema em que vive o governador Flávio Dino, na sua atual solidão de poder, num cenário desértico de uma encruzilhada shakesperiana, que pode definir seu futuro político e do seu grupo em tensão existencial, é bem apropriada essa analogia entre a angústia do governador e a dos personagens do irlandês Samuel Beckett, analogia um tanto intelectualizada, mas também aí, pertinente às reflexões do governador Flávio Dino, que brevemente entrará para a Academia Maranhense de Letras.
Dito isto, é aconselhável que o governador Flávio Dino releia (pressupondo que já tenha lido) Esperando Godot, essa obra exemplar para esses momentos de ser ou não ser do seu atual palco político num cenário nebuloso, onde o tempo de espera pode já não existir mais e só desespera.
Depois, como uma águia experiente, dá uma olhada de trezentos e sessenta graus na planície e no planalto, conversa com Geraldo Vandré, que “esperar não é saber…” e vai de Maquiavel: “O príncipe deve ter o rugido do leão para espantar os lobos, e a esperteza da raposa para não cair em armadilhas.”
Uma hora o governador vai ter que dar um murro na mesa, no momento certo, pelo motivo certo, com a pessoa certa, como sugere a inteligência emocional. Esse momento já passou? Ou ainda há esperança em continuar Esperando Godot?