O cansaço da solidão

Por José Sarney

O mundo começa a se recuperar, com alívio, de um dos maiores problemas da pandemia: o cansaço da solidão, o desgaste psicológico do isolamento. Infelizmente, aqui no Brasil, ainda vamos continuar nessa provação de ficar longe da família, dos amigos, dos companheiros de trabalho, de toda a sociedade.

Há um ano, ainda no espanto com as dimensões da doença, eu lamentava o meio milhão de mortos no mundo. Hoje esse é o número no Brasil. Há mais de um milhão de pessoas em tratamento, as UTIs estão cheias, e os dezesseis milhões que já tiveram a doença ainda sofrem com ela.

Logo no começo da pandemia se pensava na dificuldade de conseguir a vacina, imaginando que logo estaríamos livres da quarentena. A vacina veio mais rápido do que o previsto, mas, como não seguimos os cientistas, ainda temos que repetir: “A única solução é evitar o contágio, com o isolamento, e, fora dele, com o uso de máscaras por todas as pessoas.”

Ao longo desse isolamento tenho escrito sobre solidão. Falei de como esse sentimento vinha misturado com medo, crescendo dentro de nós a falta dos amigos e de como não fomos feitos para isso.

Quando surgimos como espécie distinta entre os hominídeos, já éramos há muitos milhões de anos animais sociais. Cada vez mais fomos contando uns com os outros, enriquecidos pelo sentimento de solidariedade e colaboração. Juntos ficamos fortes para caçar e competentes para cultivar. Assim pudemos começar a construir habitações e com elas fazer cidades. Mais ainda, foi por e para podermos colaborar que desenvolvemos linguagens, seja numa mutação, como crê Chomsky, seja aos poucos, como na hipótese do altruísmo recíproco, que aliás se baseia na necessidade de honestidade — isto é, nada de mentira ou fake news.

Na sociedade em que nos juntamos para sobreviver, há os que se isolam, em um espiritualismo intenso. O cristianismo está povoado de eremitas e anacoretas, de São Jerônimo a Charles de Foucauld, mas Lao Zi, fundador do taoísmo, o fizera muito antes.

Mas o comum dos mortais, como nós, não sabe viver em isolamento. Por mais que professemos, como faço e pratico, o nosso amor pelo livro — ou pela música, pelos jogos solitários ou o que seja —, há o momento em que precisamos de ter o contato direto com outras pessoas, com outras almas.

Já lamentava o poeta: “Alma minha gentil, que te partiste … E viva eu cá na terra sempre triste.” Vivemos tristes o tempo todo, pois são tantos os amigos que partiram e mais ainda os amigos que não vemos, com quem não estamos, que corremos o risco de nos amofinar no desencanto do viver.

Mas temos que sacudir esse sentimento. Vencer a doença tem que ser nossa prioridade, nem pensar em sermos por ela derrotados. Sem esquecer as que ficaram pelo caminho, em nome de cada uma e de todas as quinhentas mil vítimas, temos que lutar para sobreviver, e sobreviver formando uma sociedade mais justa, em que a língua sirva para dizer a verdade e para construir a justiça social.

Estamos cansados, cansados de solidão, mas ainda temos fé. E fazendo o que sempre aconselho — vacina, máscara, isolamento —, vamos acabar com a solidão e o com o cansaço.

Governador Flávio Dino é vacinado

O governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), divulgou ontem, 1º, que já tomou sua primeira dose de vacina contra a Covid-19.

O governador tem 53 anos, público que, pelo calendário da Prefeitura de São Luís, foi vacinado na segunda-feira, 31.

“Alcançada a minha idade, tomei agora a vacina contra o coronavírus”, escreveu ele.

O governador, contudo, não se dirigiu a nenhum posto da prefeitura para receber seu imunizante. Vacinou-se no Palácio dos Leões.

Segundo dia de mutirão vacina mais de 12 mil

Segue alta a capacidade de vacinação da Prefeitura de São Luis com o mutirão iniciado nesta semana.

Depois de vacinar 11,2 mil na segunda-feira, 31, o Município atingiu novo recorde.

De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde (Semus), ontem 1º, foram aplicadas 12,2 mil doses de imunizantes em moradores da cidade.

A meta, segundo o titular da Semus, Joel Nunes Júnior, é chegar a 15 mil doses/dia.

Por falta de doses, Semus reprograma aplicação da CoronaVac em SLZ

A Prefeitura de São Luís, por meio da Secretaria Municipal de Saúde (Semus) anunciou na noite de ontem, 5, que precisou reprogramar a aplicação da segunda dose da vacina chinesa CoronaVac para quem seria imunizado entre hoje, 6, e sábado, 8.

A mudança no calendário deve-se ao atraso na envio de insumos da China, o que prejudicou a entrega de doses do imunizante ao Butantan e ao Ministério da Saúde.

“Assim, seguindo a recomendação do Ministério da Saúde, a SEMUS reprogramou a aplicação de segundas doses de Coronavac agendadas entre 6 e 8 de maio para o dia 13 de maio, dentro do prazo de 28 dias para o ciclo de imunização sugerido pelo fabricante”, diz uma nota oficial da Semus.

O cronograma de vacinação com AstraZeneca e Pfizer, por outro lado, segue normalmente, tanto para a primeira, quanto para segunda dose.