Viver de rir

VIVER DE RIR

 

Se não há nada para ser sério, não há nada para ser engraçado; disse certa vez Oscar Wilde, ele próprio, escritor genial, iconoclasta e na contramão do convencional de sua época e de todas.

Dito isto, vamos falar de Érico Junqueira, chargista dos bons (ou seria caricaturista, humorista ou mesmo palhaço, no bom sentido?). O certo é que conheço Érico, através dos seus traços e de sua criatividade corrosiva, risível, que expõe a moral humana, de maneira divertida, por trás da máscara  de seriedade vestal com a qual todos nós representamos um papel no teatro da vida. Ângulo pelo qual a crítica também o conhece, reservando aplausos merecidos ao seu ofício de fazer rir.

Érico é um artista do riso, domina com maestria a técnica da associação divergente, aquele pensamento ou  idéia que contraria o senso comum, que nos espanta, nos surpreende de tal forma que nada mais nos resta se não a catarse em forma de gargalhadas. O que era sério torna-se engraçadíssimo. E o mais importante: depois do riso caímos em reflexões sobre nós mesmos, sobre nossas fraquezas, nossas hipocrisias morais e sociais, para em seguida reconstruímos uma visão de nós mesmos como se tivéssemos lido um texto filosófico.

A inventividade de Érico nesta difícil arte de fazer rir através da charge já lhe rendeu prêmios internacionais o que consagra o seu  raro talento de comediante que usa o traço inteligente para sintetizar em segundos o que o cinema e o  teatro levam horas para dizer. Os políticos, as personalidades da mídia que o digam. Érico os expõe ao ridículo construtivo com sua pena cáustica  e seu humor axiomático.  Mais importante, no entanto, no trabalho de Érico, é que  ele não é descartável, testemunhos jornalístico de momentos fugazes. A sua obra é universal, permanente, porque pinta um painel do espírito humano que pode nos matar de rir, mas ante s de tudo nos faz viver de rir.

Nada mais justo, portanto, de que eternizar sua obra, que prima pela inteligência e acuidade artística.

Este livro, cumpre esta função. Quem ler primeiro vai rir melhor, pois não será chamado de retardado por ler depois.

E por último, vamos rir melhor, vamos  rir da cara do próprio Érico, pois ele, pessoalmente, e isto eu atesto, é uma bela figura (ou charge?) de pessoa, tal qual o artista e seus personagens